sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Caroço de açaí pode virar prótese que imita osso





Como diz a música de Nilson Chaves, o açaí é mais que um suco ou um fruto. Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) estão trabalhando em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) para desenvolver próteses com caroços de açaí. Toneladas de resíduos do sabor marajoara que habitualmente são despejados como se não tivessem o menor valor, podem ser transformados em materiais que imitam a função de um osso.
Após passar por testes in vitro, o material está na fase in vivo. Um camundongo está há três dias com uma prótese implantada nas costas e deve ficar em observação por mais uma quinzena. Além de ser um avanço no âmbito científico, o projeto visa também a sustentabilidade e geração de renda que envolve a cadeia produtiva do açaí.
Dois processos básicos resultam nos materiais essenciais para a criação da prótese. Primeiramente, é preciso secar e separar o resíduo do açaí em três frações, até chegar à estrutura de uma manta de fibra, com propriedade de isolamento termo acústico. Para a extração do poliuretano – material presente no caroço da fruta, que é usado como base para a criação das próteses, é necessário separar os constituintes que serão utilizados no preparo de materiais para áreas diversas.
A hidróxiapatita, o isocianato e o poliol de açaí formam a estrutura que será o suporte para o crescimento celular. “Assemelha-se ao osso dos mamíferos, visualmente cheia de orifícios para que as células e nutrientes passem por ele”, explica a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, Gilmara Bastos.
A princípio, o suporte fica em observação por 24 e 48h, para verificar a capacidade de aderência e a proliferação celular, além de passar por testes de viabilidade. “É preciso ver se vai haver compatibilidade do tecido com o osso e projetar uma situação mais próxima possível do material genético humano. Além de detectar presença da chamada resposta inflamatória”, afirma Bastos.

PRÓXIMOS PASSOS
As fases seguintes envolvem testes em primatas não humanos e, depois, testes clínicos em humanos, ambos ainda sem previsão de execução. O projeto de criação de próteses a partir de caroços de açaí envolve as áreas biológica e médica, e a engenharia.

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